Nos dias atuais muitas pessoas sofrem com a síndrome da obesidade. O tratamento dessa síndrome ainda é um desafio, por se tratar de uma doença multifatorial e crônica que exige uma abordagem multidisciplinar focada na mudança do estilo de vida e vigilância permanente. Os tratamentos estão baseados na dieta, atividade física, comportamento social, medicamentos e procedimentos cirúrgicos. Atualmente, com o avanço da tecnologia e com o aprimoramento de técnicas da medicina, é possível fazer intervenções cirúrgicas para a redução de peso e melhora da condição de saúde, com baixo riscos ao paciente.
A Cirurgia Bariátrica, conhecida popularmente como cirurgia de redução de estômago ou gastroplastia, é indicada para pessoas que enfrentam uma grande variedade de doenças causadas ou pioradas pela obesidade e que possuem dificuldade para emagrecer. Esse tratamento cirúrgico deve ser executado por um cirurgião experiente em conjunto com uma equipe multidisciplinar e seguir as indicações feitas pela SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica) chancelada pelo CFM (Conselho Federal de Medicina).
Atualmente a indicação é para indivíduos com IMC maior que 40 ou maior que 35 associado a doenças causadas pela obesidade ou agravadas por ela. Tratamento clínico por pelo menos 2 anos sem sucesso. Idade entre 18 e 65 anos. Nos casos de diabetes de difícil controle, a indicação da cirurgia pode ser feita com IMC acima de 30.
Medicamentoso
O tratamento medicamentoso tem ganhado mais força com o desenvolvimento de novas drogas. Esses medicamentos podem ser indicados tanto para o tratamento clínico como associados ao tratamento cirúrgico e principalmente nos casos de recidiva da obesidade. Quando optamos pelo tratamento medicamentoso é fundamental a orientação de um endocrinologista, pois existem várias classes de medicamentos que tem indicação para o tratamento de outras doenças, como o diabetes, ansiedade por exemplo, mas que ajudam no controle do peso. Os medicamentos mais conhecidos são: Anfetaminas (femproporex, amfepramoma), Sibutramina, Orlistat, Bupropiona, Topiramato, Saxenda, Victoza, Ozempic, Tirzepatida (este último com resultados muito animadores).
Balão Intragástrico
Procedimento realizado por endoscopia em regime ambulatorial. O balão é introduzido no estômago e inflado com soro fisiológico + azul de metileno. O objetivo é reduzir a capacidade do reservatório gástrico, diminuindo a ingesta alimentar. O paciente fica com o balão de 6 meses a 1 ano, e nesse período é muito importante desenvolver hábitos de vida (dieta e atividade física) para garantir a manutenção do peso após a sua retirada. Está indicado para pacientes com IMC entre 27 e 32 (sem contra-indicação ao procedimento) que não obtiveram sucesso com o tratamento clínico.
Banda Gástrica Ajustável
Foi criada na década de 80. Em 1999 ganhou impulso mundial, chegando ao Brasil no final da década de 90. É um dispositivo de silicone colocado na parte superior do estômago, por cirurgia vídeo-laparoscópica, destinado a desacelerar a digestão e estimular a saciedade precoce. Trata-se de uma técnica restritiva cuja finalidade é criar um reservatório na parte superior do estômago com aproximadamente 30 ml. Assim, a pessoa ingere pouco quantidade de comida e fica satisfeita mais rapidamente.
Sleeve (gastrectomia vertical)
Nessa técnica atuamos apenas no estômago. É feito um grampeamento vertical retirando o fundo gástrico e reduzindo em até 90% da capacidade volumétrica do estômago. O estômago excluído é retirado da cavidade abdominal.
Bypass (gastrectomia com derivação intestinal)
Também conhecida com Fobi-Capella, Wittgrove, gastrectomia com Y de Roux, é uma técnica que contempla a redução do estômago e um desvio intestinal. Dessa forma, o alimento será ingerido em menor quantidade haverá uma diminuição da sua absorção. Nessa técnica não retiramos o estômago excluso. Ainda é a técnica mais realizada no Brasil.
Duodenal Switch
Técnica com grande efeito metabólico e disabsortivo. Uma opção para pacientes que tem grande dificuldade no controle da glicemia (diabetes) e dislipidemia (colesterol). Técnica pouco utilizada devido à deficiência nutricional que os pacientes podem desenvolver tardiamente.
Perguntas & Respostas
A maioria dos pacientes perde de 50% a 80% do seu excesso de peso. Esta perda é muito acentuada nos três primeiros meses e depois é gradativa, de modo que, cerca de 1 ano e meio a 2 anos após a operação, você atingirá o seu peso final. Nesse período é muito importante a avaliação metabólica trimestral e o acompanhamento nutricional e psicológico.
Se você fez cirurgia bariátrica não deve engravidar nos primeiros 2 anos após a cirurgia. Com a mudança anatômica e funcional do trato digestivo ocorre a diminuição da absorção de vários nutrientes como vitaminas, ferro, cálcio e sais minerais; Isso não é bom nem para gestante nem para o bebê. Além do que a perda de peso muda também.
Outro aspecto que devemos lembrar é que com a diminuição do tecido gorduroso, a fertilidade da mulher aumenta, o que facilita a ocorrência da gravidez. Aqui cabe a recomendação para evitar o uso de anticoncepcionais orais (pilula anticoncepcional) após a cirurgia. Converse com seu ginecologista a respeito para escolher o método que melhor atende você.
Deve ser usada nas cirurgias abertas (corte), por 90 dias. Podendo ser retirada à noite para dormir. Cirurgias por vídeolaparoscopia e robótica não há necessidade do seu uso.
As meias elásticas servem para reduzir o risco de trombose e consequentemente embolia pulmonar. Existem meias específicas que podem ser encontradas em lojas de produtos médicos. ( tamanho 3/4, poder de compressão 18 a 23 mmHg). Recomenda-se sua utilização durante a cirurgia até 30 dias de pós-operatório.